A cidade é o corpo onde o individuo se desenvolve, 
a cidade é o corpo que decide o modelo de existência e o ir e vir das pessoas.
Os registros fazem parte de uma curadoria de fotografias, denominada Cidade das oportunidades, feitas ao longo dos dois anos e meio que vivo em São Paulo. O nome surgiu de uma perspectiva crítica sobre o estilo de vida na cidade e busca questionar como o urbanismo moderno influência e causa impacto no modelo de existência das pessoas, como ele norteia a construção do complexo selva de pedra como um dos motivos do crescente processo de individualização em nossa sociedade, levando em consideração a desigualdade social.​​​​​​​
Os centros urbanos são fontes ilimitadas de idéias vivas, a cidade representa o lugar das trocas econômicas e sociais e, nessa condição, nossa existência é determinada por motivações internas causadas por imposições e estímulos externos. 
Para viver, o ser humano precisa ocupar o espaço e ter uma vida digna, quando não tem, o que resta é o local público, uma espécie de vazio urbano que se transforma em moradia, um lugar de vida para quem é excluído pela sociedade, onde construirá suas experiências e vivências.
Enquanto alguns desfrutam de grande conforto e segurança, outros nem sequer têm uma casa para morar com o mínimo de dignidade.

As oportunidades então existem apenas para um grupo selecionado? 

Como a forma que a cidade foi construída tem influência direta na segregação? 

Estamos tão acostumados a esse cenário a ponto de ver as pessoas em situação de rua como parte da arquitetura hostil da cidade?
  
Você já imaginou São Paulo sem pessoas morando nas ruas? 

A idéia é suscitar debates para fazer as pessoas saírem da zona de conforto e se questionarem. 
O projeto surgiu de forma orgânica e estará sempre em construção e desenvolvimento. É necessário olhar para as mudanças ao longo do tempo, a questão do que é permanente e o que está mudando tem sido uma preocupação vitalícia em meio a uma pandemia mundial. Vivemos nossas vidas olhando para tudo. Estamos constantemente virando nossas cabeças e vendo coisas, mas não estamos fazendo nada com isso. A fotografia é o ato de fazer algo com a realidade que está acontecendo ao nosso redor o tempo todo, por isso acho importante levar esses questionamentos para a vida cotidiana das pessoas.
São Paulo, 2019-2021
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